15.4.19

02:59

Tive que acordar
mesmo se não dormia
e abrir a janela do quarto
arejar e ouvir uma gaivota
do abafado círculo cabeça

há muito que não me visitava a
insónia
a insónia vanessa
minha conhecida já não sei
de que ano

a última vez que tive que abrir assim
a janela
li uma mensagem que era
prometes-me? eu prometo
e o calor hormonal do silêncio

impôs
uma brecha de ar fresco
de tão amoroso ai que belo
o cosmos aspirador
em roda da minha cama fundo

hoje guardo a semana
de distracções do pântano numa
gaveta, coisas que não valem mesmo
as horas, e pois que ao arrumar

a quem peço que me
peça
quando repito insone?
o que condenso nas bocas e mãos
das minhas mais queridas
injusticinhas?

regresso ao enterrado
partido
engessado
só porque pequena me vi
desenroscada

bebi café a mais, trabalhei
com afinco hoje como boa pessoa
presente e até disse
na quarta-feira ao meu ouvinte
que alguma coisa fez sentido

quero dormir
deixei de ver, longe da vista
longe
e desejada quero-me pelo meu neurónio
mais lúcido
mas se aparecer o meu repositório, não sei bem

talvez baixe a cabeça
ou feche os
olhos
lhe mostre o continente furado na minha
costela, mas ainda é cedo
espero a tarde em que

a saúde
me ponha seca, defintivamente seca
na agilidade de estar
e de chutar um berlinde
plim