15.4.19

retrato (para a S.)


Forte como pernas de mulheres
de paula rego
diz-me a retratista abrindo uma
frincha a mais a portada
para uma luz sobre madonna
olho o fundo da taça de chá
pequeno universo
e a mente desce até ao calcanhar
em cada célula se realiza
agora que espreguiço nesta
memória
activo o corpo dolorido
feliz da aprendizagem
óssea
que começou naquela sala este-oeste
e na tapeçaria que no chão
ao centro se
emana enfim tecida
durante mais de um ano
no vão capricho de
ser diferente, dirão os que não vêem no
fio o tempo
e o materializar das suas mãos coreógrafas e dos olhos
nómadas
nem no extemporâneo modo de viver o
seu centro de observação
sem performance senão a do próprio
e corpóreo desenhar
da biografia